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Páscoa 2022

“No primeiro dia da semana, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao sepulcro e viu que a pedra tinha sido removida do sepulcro” [João 20:1]
 

Nesta Páscoa, num mundo marcado pela escuridão e pelo conflito, voltamo-nos mais uma vez para a luz de Jesus Cristo, Príncipe da Paz. Para algumas das nossas Igrejas, a Páscoa é celebrada há muito tempo à sombra da guerra e da instabilidade. Para outras Igrejas, este ano, a Páscoa, a Ressurreição e as promessas de Cristo, pela primeira vez em muitas décadas, podem vir a ser celebradas entre a cruel realidade do derramamento de sangue, deslocamentos e lutas.

Oramos particularmente por aqueles que nesta Páscoa estão em sofrimento na Ucrânia, bem como em muitos outros lugares do mundo que enfrentam guerras e conflitos. Oramos pelas viúvas do Iêmen, os órfãos da Etiópia e por aqueles que no Afeganistão estão a passar fome ou se tornaram estrangeiros em busca de segurança. Colocamos diante de Deus os incontáveis lugares do mundo onde o profundo sofrimento é visto e entristece Aquele que experimentou a nossa dor na Cruz. Também nos lembramos dos que sofrem os efeitos contínuos da pandemia, e os nossos irmãos e irmãs em todo o mundo que enfrentam a grave e real ameaça da crise climática.

Neste mundo ferido, o Caminho da Cruz é um apelo a cada um de nós. O pé da cruz tornase um lugar onde nos reunimos como um só corpo e um só povo, enfrentando diferentes sofrimentos, mas unidos na nossa necessidade da cura e transformação que Deus nos oferece.

Vemos nas feridas da humanidade o Cristo Ressuscitado que ainda carrega as cicatrizes da crucificação. Vemos na generosidade sacrifical das igrejas na Europa, e em todo o mundo, a promessa Redentora de nosso Senhor, e no seu apoio e hospitalidade em momentos de necessidade, vemos a Cristo que é nosso refúgio e nossa força.

Damos graças a Deus pelos líderes religiosos que estenderam a mão aos refugiados e testemunharam com palavras contra o mal, mesmo com grande perigo pessoal para si mesmos, e assim somos lembrados de que a nossa comunhão no Evangelho, quando falamos e agimos juntos, é mais poderosa do que o mal.

Por estes sinais de grande esperança, damos graças a Deus. Celebramos a vida conquistando a morte, onde quer que ela se encontre, e sempre, que a vemos.

O nosso apelo nesta Páscoa é o mesmo apelo de Cristo aos seus discípulos: sermos pessoas que testemunham da Ressurreição. Quando vemos e cremos (João 20:9), também nós podemos ser portadores de vida nova. Também nós somos chamados a apoiar os oprimidos, os marginalizados e os esquecidos. Também nós somos chamados a clamar para que a justiça e a misericórdia de Deus prevaleçam, a denunciar a injustiça e a rejeitar a desigualdade em todas as formas que aparecem neste nosso mundo.

No Evangelho de São João, Jesus aparece a uma mulher que lamenta, e ela é consolada. O seu discípulo amado, com medo e confuso, vê e crê. Tomé duvida, e no entanto nas feridas de Jesus ele encontra a verdade de Cristo. Jesus acolhe os sem estatuto e sem valor aos olhos do mundo. A mensagem de Deus é dada a conhecer aos feridos, aos aflitos, aos confusos e aos rejeitados.

Temos um Salvador que não volta as costas ao sofrimento e às cicatrizes, mas suporta tudo, e dessa forma transforma tudo e todas as coisas.

Enquanto ainda estava escuro e tudo parecia sem esperança no primeiro Domingo de Páscoa, Jesus já tinha ressuscitado. A morte já tinha sido derrotada. E o primeiro dia da nova criação de Deus já tinha começado.

Que cada um de nós ouça o Cristo ferido, mas Ressuscitado, que nesta Páscoa nos chama pelo nosso próprio nome, e que O possamos saudar com alegria nesta nova aurora da criação de Deus.

Aleluia! Verdadeiramente Cristo ressuscitou!

Na Paz de Cristo
Justin Welby - Arcebispo de Cantuária

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