História

 




 

A IGREJA LUSITANA CATÓLICA APOSTÓLICA EVANGÉLICA surgiu na segunda metade do séc. XIX, fruto do ambiente religioso e social que então se vivia em Portugal.

A instituição do regime liberal e as novas ideias culturais e políticas que agitavam o mundo levaram - em Portugal como noutros países - a um clima de constante tensão entre muitos sectores da sociedade e a hierarquia da Igreja Católica Romana, que continuava presa a valores de outras épocas e tardava a adaptar-se aos novos tempos.

Na realidade, a hierarquia católica mostrava-se intolerante na defesa do absolutismo papal, tanto no domínio espiritual como no secular, situação que se agravou em 1870 com a definição dos dogmas da jurisdição universal e da infalibilidade do papa. Por outro lado, a desconfiança em relação à leitura da Bíblia pelos crentes, o ritualismo distante e pomposo da liturgia romana em latim e os excessos do marianismo popular suscitavam o afastamento da Igreja por parte de muitos cristãos mais esclarecidos.

Entretanto, ia chegando a Portugal a influência de outras correntes do cristianismo, ligadas à espiritualidade anglicana, à tradição protestante ou ao movimento "velho-católico", que se constituíra em países como a Suíça ou a Holanda precisamente para tentar restaurar na Igreja Católica a simplicidade e a vivência élica dos primeiros séculos do cristianismo.

Foi neste contexto que alguns sacerdotes e leigos se desligaram da Igreja Romana e formaram pequenas comunidades, onde se encontravam para, em igreja, viver e partilhar a sua fé em Jesus Cristo.

Em 1880 reuniram em Lisboa um Sínodo, sob a presidência do Bispo anglicano Riley, do México, expressamente convidado para o efeito, e aí se constituiu e regulamentou a IGREJA LUSITANA CATÓLICA APOSTÓLICA EVANGÉLICA.

 

UM NOME CHEIO DE SENTIDO

LUSITANA - Porque professa ser a restauração da Igreja que ainda antes da nacionalidade existiu na Lusitânia (província romana situada no território que, em parte, veio a constituir o reino português). Essa igreja era autónoma, como o eram então outras igrejas da cristandade, com a sua liturgia e leis próprias, embora em plena comunhão com as igrejas de outras regiões.

CATÓLICA - Porque mantém a fé católica, a fé integral da Igreja, sustentada "sempre, por todos e em toda a parte" (S. Vicente de Lerins). Por esse motivo não aceita algumas doutrinas ensinadas por parte da cristandade e não recebidas universalmente, e também não se considera uma comunidade resultante dos movimentos reformadores do séc. XVI.

APOSTÓLICA - Porque se reconhece enviada (apóstolo quer dizer enviado) como os apóstolos o foram ("como o pai me enviou, também eu vos envio", palavras de Cristo segundo S. João, 20:21) para dar testemunho e servir na comunidade em que se integra. O ministério da Igreja Lusitana faz parte desta missão apostólica e é sinal visível da continuidade histórica da missão confiada directamente por Cristo aos apóstolos.

EVANGÉLICA - Porque proclama o Evangelho, a Boa Nova de que Deus ama todos os homens e os quer salvar: "de tal maneira amou Deus o mundo que lhe deu o seu único filho para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna" (S. João, 3:16)

Fundamenta-se nas ESCRITURAS, afirma os CREDOS, celebra os SACRAMENTOS e mantém o MINISTÉRIO ORDENADO conforme a tradição católica

 

A IGREJA LUSITANA é uma Igreja que usa a BÍBLIA

Aceita as Sagradas Escrituras do Antigo e Novo Testamento como escritos inspirados por Deus e afirma que nelas se contém tudo quanto é necessário para o conhecimento da Salvação. A Bíblia constitui o testamento da Revelação de Deus através dos tempos que atinge a sua plenitude na pessoa de Jesus Cristo, Seu Filho; nela se registam também os fundamentos históricos do Cristianismo.

 

IGREJA LUSITANA é uma Igreja que afirma os CREDOS

Expressa a sua fé pelas palavras históricas dos dois grandes Credos do Cristianismo: o Credo apostólico e o Credo Niceno. Eles são testemunhos da Igreja Primitiva e ao longo dos séculos têm sido aceites como afirmações básicas de fé cristã. O Credo Niceno resultou de três Concílios universais: o de Niceno (no ano de 325). O de Constantinopla (381) e o de Calcedónia (451).

 

A IGREJA LUSITANA é uma Igreja que celebra os SACRAMENTOS

Reconhece os Sacramentos, sinais exteriores de uma graça interior, espiritual, ordenados por Jesus Cristo como meios seguros de santificação e perdão dos pecados. Esta graça é o favor de Deus para connosco, favor que não ganhamos ou merecemos, e pela qual Deus nos confirma o perdão dos pecados, nos ilumina a mente, move os nossos corações e fortalece a nossa vontade.

Os dois grandes Sacramentos dados por Cristo à Sua Igreja são o Baptismo e a Eucaristia.O Baptismo é o sacramento pelo qual Deus nos adopta como seus filhos e nos faz membros do Corpo de Cristo, a Igreja, e herdeiros do Reino de Deus. O seu sinal visível é a água, com a qual a pessoa (criança ou adulto) é baptizada em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A Igreja Lusitana crê que no Baptismo se recebe a graça da união com Cristo na Sua Morte e Ressurreição, do nascimento na família de Deus (a Igreja), do perdão dos pecados e de uma vida nova no Espírito Santo. A Igreja Lusitana conserva e pratica a antiga tradição cristã do baptismo das crianças, mas reconhece o Baptismo praticado por um ministro de qualquer confissão cristã desde que tenha sido feito com água (simbolizando a purificação e renovação espirituais) e em nome da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo).A Eucaristia é o Sacramento que recorda e revive continuamente a vida, morte, ressurreição e ascensão de Cristo até à Sua vinda em Glória. Pelo pão e vinho sacramentais, o cristão alimenta-se espiritualmente do Corpo e Sangue do Senhor e recebe a garantia da sua salvação e o fortalecimento da sua união com Cristo e com os seus irmãos na fé. Sem tentar explicar ou definir este Santo Mistério, a Igreja Lusitana sempre manteve a antiga crença cristã que afirma que Cristo está realmente presente na Eucaristia. A Sagrada Comunhão é ministrada aos fiéis nas duas espécies, pão e vinho. A Igreja Lusitana reconhece como tendo carácter sacramental outros ritos tradicionalmente importantes. Tais ritos sacramentais são a Confirmação, a Ordenação ao Sagrado Ministério, o Matrimónio, a Absolvição e a Unção dos Enfermos.

 

UMA IGREJA QUE VIVE O MINISTÉRIO DE CRISTO

O ministério cristão é uma participação do Ministério único e perfeito de nosso Senhor Jesus Cristo. Ministros da Igreja são todos os cristãos baptizados, dos quais uns exercem o seu ministério como LEIGOS e outros como BISPOS, PRESBÍTEROS ou DIÁCONOS, constituindo estes três últimos o chamado Ministério Ordenado.

O MINISTÉRIO DOS LEIGOS é o de representar Cristo e a Sua Igreja, colaborar na Sua Obra de reconciliação e tomar o lugar que lhe compete na vida, no culto e no governo da Igreja.

O MINISTÈRIO DOS BISPOS é o de representar Cristo e a Sua Igreja, particularmente como principais pastores e ministros da Palavra e dos Sacramentos; defender a Fé, a unidade e a disciplina da Igreja; ministrar a Confirmação e ordenar outros para a continuidade do Sagrado Ministério; actuar em nome de Cristo para reconciliação do mundo e edificação da Igreja; ser sinal da unidade e elo de união entre a sua diocese e a Igreja de todos os tempos e lugares.

O MINISTÉRIO DOS PRESBÍTEROS é o de representar Cristo e a Sua Igreja, particularmente como pastores dos fiéis que pelo Bispo lhes são confiados; partilhar com o Bispo a direcção da Igreja; proclamar a Palavra de Deus e celebrar os Sacramentos.

O MINISTÉRIO DOS DIÁCONOS é o de representar Cristo e a Sua Igreja, particularmente auxiliando os Bispos e os Presbíteros na proclamação do Evangelho, na administração dos Sacramentos e na assistência aos necessitados, bem como noutros aspectos da vida da Igreja.

A Igreja Lusitana mantém a continuidade do Ministério de Bispos, Presbíteros e Diáconos canonicamente ordenados por bispos em sucessão apostólica. Os clérigos da Igreja Lusitana podem casar, constituir família e exercer uma profissão secular, conforme a tradição dos primeiros séculos do cristianismo.

 

UMA IGREJA ANGLICANA

Desde 1980 que a Igreja Lusitana é membro da Comunhão Anglicana, tendo como Autoridade Metropolitana o Arcebispo de Cantuária, na sua qualidade de foco visível de unidade naquela Comunhão.

A Comunhão Anglicana é uma família de Igrejas que congrega 83 milhões de pessoas em todos os continentes e é constituída por 38 Províncias ou Igrejas nacionais e autónomas, que se dirigem por si mesmas, respondendo às necessidades e particularidades de cada povo.

O essencial da doutrina das Igrejas anglicanas pode resumir-se em quatro pontos:

a SAGRADA ESCRITURA (o Antigo e o Novo Testamento) é a Palavra de Deus revelada, contém tudo o que é necessário saber para a salvação e constitui regra e norma última de fé;

os CREDOS - formulam-se e aceitam-se como profissão de fé os credos católicos, nomeadamente o Credo Apostólico, o Credo Niceno e o Credo de Santo Atanásio;

os SACRAMENTOS - são dois os grandes sacramentos do Evangelho instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo: o Baptismo e a Sagrada Eucaristia;

o EPISCOPADO HISTÓRICO - aceita-se e defende-se a sucessão apostólica, ou seja, a sucessão ininterrupta, testemunhada pela comunidade da Igreja e santificada pelo dom de Deus, de todos os bispos católicos a partir dos apóstolos.


 

UMA CAMINHADA SECULAR DE FÉ E TESTEMUNHO

FACTOS MAIS RELEVANTES

1880
Constituição da Igreja em Sínodo presidido pelo Bispo Anglicano do México, Dr. Henrique Riley, como resultado dum movimento de Padre Católico-Romanos e leigos, em contestação ao ultramontanismo do tempo e dogmas do Vaticano I.

1884
Edição do Primeiro Livro de Oração Comum baseado nas Liturgias Anglicana, Romana e Moçárabe.

1922
Eleição do Bispo D. Joaquim Santos Figueiredo, que não chegou a ser sagrado.

1939
Primeiro Congresso para afirmação da sua identidade eclesial na sociedade portuguesa.

1950
Movimento de Revigoração da Igreja (MORI) que permitiu um amplo despertamento espiritual e litúrgico entre as comunidades.

Início da edição do boletim Diocesano “O DESPERTAR”.

1951
Integração das Igrejas Evangélicas de Vila Franca de Xira, Castanheira do Ribatejo e Vala do Carregado na Igreja Lusitana com os nomes, respectivamente, de Paróquia de S. Mateus, S. Tomé e S. João Baptista.

1952
Integração da Igreja Evangélica de Salvaterra de Magos na Igreja Lusitana, com o nome de Paróquia de S. Marcos.

1954
Segundo Congresso para discussão e esclarecimentos dos desafios enfrentados pela Igreja na segunda metade do século XX.

1958
Sagração do primeiro Bispo, D. António Ferreira Fiandor, com a presença de Bispos Anglicanos do Brasil, dos Estados Unidos da América e da Irlanda.

1961
Concordata de Plena Comunhão com a Igreja Episcopal dos Estados Unidos da América, nos termos da “Concordata de Bonn”.

1962
Sagração do segundo Bispo D. Luís Rodrigues Pereira, com a presença de Bispos Anglicanos e de Bispos Velho-Católicos.

1963
Concordata de Plena comunhão com as Igrejas Anglicanas da Irlanda e da Inglaterra.

1965
Concordata de Plena Comunhão com os Bispos da União de Utreque (Comunhão Velho-Católica). Nos termos da “Concordata de Bonn”.

1967
Sagração Episcopal do Presbítero da Igreja Lusitana, D. Daniel de Pina Cabral, para Bispo da diocese dos Libombos, Moçambique, integrada na Província Anglicana da África do Sul.

1971
Participação da Igreja Lusitana na constituição do COPIC – Conselho Português de Igrejas Cristãs, como membro fundador.

1978
Constituição da Comissão instaladora do Departamento da Juventude.

1979
Início da edição do Boletim “O NOVO DESPERTAR” , em seguimento da publicação DESPERTAR cuja edição tinha terminado.

Aprovação canónica pelo Sínodo Diocesano do Departamento da Juventude (DJIL)

1980
Integração oficial na Comunhão Anglicana como Diocese Extra Provincial sob Autoridade Metropolitana do Senhor Arcebispo de Cantuária na sua qualidade de sinal visível de unidade daquela Comunhão.

Terceiro Congresso para reformulação de algumas das suas perspectivas teológicas e litúrgicas.

Sagração de terceiro Bispo, D. Fernando da Luz Soares, que continua como Bispo Diocesano.

1989
Constituição do CLET (Centro Lusitano de Estudos Teológicos).

Constituição da Associação das Escolas do Torne e do Prado (AETP), como uma Instituição Particular de Serviço Social (IPSS), na continuidade do trabalho centenário de ensino e social levado a cabo por aquelas Escolas que entretanto encerraram.

1991
Aprovação pelo Sínodo Diocesano da revisão litúrgica que deu lugar ao actual Livro de Liturgia.

Aprovação pelo Sínodo da ordenação de mulheres.

1992
Participação da Igreja Lusitana no Primeiro Encontro Ecuménico realizado em Portugal entre representações oficiais da Igreja Católica Romana e do COPIC, encontros que têm continuado até ao presente.

1993
Participação da Igreja Lusitana no Primeiro Encontro interconfessional realizado em Portugal entre representações oficiais da Igreja Católica Romana, do COPIC e da Aliança Evangélica Portuguesa, encontros que têm continuado até ao presente.

Aprovação canónica pelo Sínodo Diocesano do Departamento das Mulheres (DMIL).

1995
Primeira visita do Arcebispo de Cantuária à Igreja Lusitana.

1997
Ordenações ao Diaconado das primeiras 3 mulheres na Igreja Lusitana.

2000
Reunião dos Primazes da Comunhão Anglicana, no Porto, em Março.

IV Congresso da Igreja Lusitana, em Junho, com uma participação de mais de 100 pessoas.

2004
Comemorações do 125º aniversário do Sínodo constitutivo da Igreja Lusitana, do 25º aniversário da Sagração Episcopal do Bispo Fernando Soares e do 25º aniversário da integração da Igreja na Comunhão Anglicana.

2013
Sagração do quarto Bispo Diocesano D. Jorge de Pina Cabral
 
2015
Conferência Internacional na Catedral de S. Paulo em Lisboa comemorativa do 50º aniversário da assinatura da Concordata de plena comunhão entre as Igrejas Anglicanas Ibéricas e a União de Utreque da Conferência das Igrejas Velho-Católicas 

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